Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Elaine Batista da Silva Garbin - Psicólogo CRP 06/75579
Como qualquer outra emoção, a raiva pode sair do controle e causar severos problemas para nossos relacionamentos, carreira, saúde mental e habilidade de alcançar objetivos. Se sentida de forma balanceada, porém, pode ser benéfica em raras ocasiões, afirmam os psicólogos.
ÍNDICE
Quando a raiva se torna um problema
A raiva é uma emoção humana saudável. Irritação ou insatisfação intensas são costumeiramente sentidas quando você, as pessoas que você ama ou seus pertences pessoais estão (ou parecem estar) sobre ameaça. Por serem sentimentos fortes, a resposta ao elemento ameaçador costuma ser explosiva.
A maioria das pessoas sente raiva em pequenos momentos do dia, como enquanto estão dirigindo, esperando horas numa fila ou realizando um longo processo burocrático. Assim como as situações que dão origem a ele, a emoção é passageira. Quando a espera acaba ou a sensação de alerta de ter levado uma fechada no trânsito passa, voltamos ao estado de espírito normal.
Se a raiva permanecer ou afetar a nossa vida diária, está na hora de refletir sobre como o sentimento está sendo controlado.
Quando o “sangue ferve” pode parecer que você não tem controle sobre as suas próprias ações ou palavras. A irritação se transforma em ira que, por sua vez, causa estragos (às vezes, irreversíveis) por onde passa. Não é incomum vermos crimes sendo justificados pela capacidade da ira de obscurecer a razão.
A verdade é que é possível controlar a raiva.
Você pode aprender a administrar esta emoção para ter reações menos desastrosas. O processo de aprendizado requer tempo e sacrifícios, mas os resultados de aprender a controlar este sentimento tão dominador podem modificar a sua vida por completo.
Como um problema com raiva afeta a saúde
A raiva funciona como um alerta.
É através desta emoção que o nosso corpo sabe que deve se proteger de uma ameaça, seja física ou emocional. Na teoria, deveria levar a pessoa à reflexão e a mudança de vida. A fonte da irritação deveria ser cortada ou minimizada de alguma forma. Porém, na prática, raramente as pessoas conseguem se controlar quando o sentimento chega.
São gritos, tapas, xingamentos, chutes e dedos apontados na cara – reações capazes de destruir amizades e laços familiares, transformar uma situação simples em caótica, causar problemas com a lei, entre outros.
Há também a forma reprimida de sentir raiva. Ela não é expressa através da linguagem corporal, brigas físicas ou palavras. A emoção é guardada no interior da pessoa e aparece somente quando ela se irrita, o que não acontece com frequência.
Pessoas insatisfeitas geralmente reprimem a raiva. Todos nós já conhecemos alguém assim, como se estivesse cansado da vida. Embora não seja bom viver assim, mantêm esse comportamento por causa do costume, da falta de perspectiva de mudança ou simplesmente por desconhecimento.
Independente da forma como é exteriorizada, o excesso de raiva é prejudicial para a nossa saúde.
Saúde física
A raiva desperta o instinto de “lutar ou fugir”, da mesma forma que o estresse, ansiedade, pânico e medo. A glândula adrenal aumenta a produção do hormônio do cortisol e o envia para o corpo todo. O cérebro, esperando encontrar uma ameaça, envia sangue para os músculos em preparação para o combate físico.
Dessa forma, a frequência cardíaca, pressão arterial e respiração aceleram. A temperatura do corpo se eleva, estimulando a transpiração. A mente fica focada para sermos capazes de enfrentar o perigo diante de nós.
Vivenciar esses estímulos de vez em quando é normal, mas se torna um problema quando passamos a sentir raiva frequentemente. Os químicos do hormônio do estresse na corrente sanguínea, associados às mudanças metabólicas que acontecem com a alteração de humor, são nocivos para a saúde do coração.
Além de aumentar a probabilidade de se ter um ataque cardíaco e derrame, o excesso de cólera também pode causar problemas digestivos, insônia, pressão alta, cefaleia e alergias de pele.
Saúde mental
As explosões de raiva, bem como a raiva reprimida, podem levar a depressão, ansiedade e síndrome do pânico. O excesso de cortisol combate os neurotransmissores “do bem” liberados no cérebro, como a serotonina, alterando a química cerebral.
Assim, os sintomas desses transtornos mentais – tristeza, oscilações de humor, falta de vontade, sonolência diurna, desânimo e irritabilidade – começam a se manifestar. A permanência deles pode estimular comportamentos agressivos em algumas pessoas.
É importante buscar ajuda profissional imediatamente nesses casos, pois essa conduta pode machucar você e as pessoas queridas. Por exemplo, a violência doméstica está comumente associada a problemas com a raiva. Apesar de não ser a única razão para o agressor expressar esse comportamento, é um elemento chave.
Sinais de problemas para expressar a raiva
Você provavelmente tem problemas para controlar essa emoção explosiva se:
- Sente-se frustrado e irritado com frequência;
- Qualquer coisa tira você do sério e as pessoas ao seu redor ficam sem entender;
- Você se ofende com facilidade;
- Evita determinados lugares, situações ou pessoas porque não consegue se controlar perto delas;
- Está com problemas no trabalho e em casa devido às suas reações raivosas;
- As pessoas lhe dizem que você é muito bravo ou reage mal aos acontecimentos;
- Já teve problemas (sejam grandes ou pequenos) com a lei;
- Você já bateu, chutou ou lançou objetos;
- Você já deu socos na parede durante discussões;
- Xingamentos e agressões verbais são partes do seu vocabulário;
- Já se meteu em uma briga com alguém; e
- Já maltratou animais por eles te irritarem.
No caso da raiva reprimida, a qual é igualmente prejudicial, você:
- Raramente expressa quando está incomodado com alguma coisa ou alguém;
- Guarda os seus julgamentos e opiniões raivosas para si mesmo;
- Fica remoendo um acontecimento que lhe deixou irritado;
- Tem explosões ocasionais de raiva;
- Evita conflitos quando se sente muito emotivo;
- Sente a necessidade de estar no controle da situação. Caso contrário, não sabe como reagir ou o que deveria sentir;
- Tem dificuldade para dizer não e estabelecer limites pessoais para as pessoas; e
- Se esconde através de uma postura sarcástica, irônica ou apática.
Por que ficamos com raiva?
A raiva pode ser aprendida ao longo da infância quando a criança observa o comportamento dos pais ou dos adultos presentes em sua vida. Também pode ser um mecanismo de defesa construído para responder a um ambiente opressor ou uma situação causadora de grande estresse, como o bullying na escola.
A pessoa aprende que a melhor forma de resolver os problemas é com a raiva, embora nem sempre os seus impasses sejam solucionados. É uma resposta automática, consolidada em seu interior devido à repetição de acontecimentos.
Outro cenário que leva alguém a manifestar a raiva de forma doentia é a ausência de aprendizado sobre como lidar com a emoção. Quando a criança cresce em um ambiente onde não pode expressar os seus sentimentos de forma livre, aprende a reprimir o que sente. Logo, a raiva também é reprimida.
Quando chega à vida adulta, pode desenvolver comportamento de esquiva, fugindo de conflitos e rejeitando desafios. Aparenta ser uma pessoa calma, mas seu interior é explosivo. Não raro a emoção reprimida é exteriorizada com violência porque a pessoa não sabe digerir a raiva.
Também ficamos irritados diante de situações cotidianas ou eventos traumáticos, como acidentes, desastres naturais, assaltos, entre outros. Nesse caso, a emoção é sentida de forma passageira.
Como controlar problemas com a raiva
Você pode aprender a controlar a raiva ao prestar atenção em suas próprias reações e descobrir quais situações, lugares, comentários ou pessoas lhe irritam.
Não é um processo rápido tampouco livre de frustrações, afinal, trata-se de uma mudança comportamental. Esse tipo de mudança exige muito de nós mesmos, mas conseguimos nos reinventar com determinação e paciência.
Abaixo, veja algumas maneiras de administrar essa emoção:
- Preste atenção nos sinais do seu corpo. Quando a raiva chega, nos sentimos de determinada maneira. Mantenha-se alerta para perceber os sinais logo no início da manifestação da emoção. Desse jeito, você consegue se preparar.
- Pergunte-se sobre a origem da raiva. Por que você está sempre irritado? Já se perguntou o que realmente o irrita nas pessoas e situações? O autoconhecimento é importante para evoluirmos pessoal e emocionalmente. Se desvendar a origem do sentimento lhe causar sofrimento, você pode buscar ajuda de psicólogos.
- Encontre mecanismos para lidar com a raiva. Ao identificar os seus gatilhos, você conseguirá definir estratégias para gerir a raiva efetivamente. Respirar fundo e se retirar do local por alguns instantes são técnicas que costumam funcionar.
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Autor: psicologa Elaine Batista da Silva Garbin - CRP 06/75579Formação: A Psicóloga Elaine Batista Garbin é graduada pela Universidade São Judas Tadeu. Está em andamento no curso de pós-graduação em Psicologia Clínica na abordagem de Terapia Cognitiva Comportamental. Possui vasta experiência em atendimentos a adolescentes, adultos e idosos.