Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Geraldine Medeiros Ferreira - Psicólogo CRP 04/12240
O Brasil é o país com o maior índice de pessoas ansiosas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Cerca de 9,3% da população vive com transtornos de ansiedade. Esse número pode parecer pequeno, mas corresponde a 18,6 milhões de brasileiros.
É correto afirmar, então, que mais brasileiros precisam cuidar da sua saúde mental para prevenir o surgimento da ansiedade. Infelizmente, muitas pessoas convivem com sintomas sem ter a consciência de que se originam de uma condição que tem tratamento.
ÍNDICE
- O que é ansiedade?
- Quais são os tipos de ansiedade?
- Quais os efeitos da ansiedade no corpo?
- Quais são os principais motivos de ansiedade?
- Sintomas de uma pessoa ansiosa
- Ansiedade tem cura?
- Tratamento para a ansiedade
- Como lidar com a ansiedade?
O que é ansiedade?
A ansiedade é um sentimento que causa preocupação excessiva, medo, nervosismo e sofrimento antecipado. Experimentá-lo de vez em quando, especialmente diante de situações que tiram as pessoas da zona de conforto, é normal. A ansiedade é considerada patológica quando se torna recorrente e afeta praticamente todas as áreas da vida.
Quando se encontra nesse estágio, interfere na rotina, trabalho, estudo, relacionamentos, convívio familiar e desenvolvimento pessoal. Ou seja, a pessoa ansiosa não consegue escapar deste sentimento desagradável.
Quais são os tipos de ansiedade?
Existem vários transtornos da ansiedade que, embora se manifestem de forma diferente e tenham nomes próprios, originam-se do mesmo sentimento. Do mesmo modo, os sintomas se manifestam de maneira única em cada pessoa, podendo surgir em frequências variadas de acordo com a severidade da condição. Confira abaixo as condições mais comuns:
- Síndrome do Pânico
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
- Fobias (fobia social, agorafobia, etc)
O diagnóstico é feito pelo psicólogo, psicanalista ou psiquiatra. Esses três profissionais analisam a recorrência e a intensidade dos sintomas para identificar qual transtorno da ansiedade afeta o paciente.
Quais os efeitos da ansiedade no corpo?
Viver em um estado de constante apreensão tende a trazer consequências devastadoras tanto para o corpo quanto a mente.
Ao nível emocional e psicológico, a ansiedade patológica desperta preocupação, medo, desânimo, tristeza e raiva. Ela leva as pessoas a acreditarem que algo ruim pode acontecer a qualquer instante, não importando a situação em que se encontrem.
Fica difícil se acalmar quando essa mentalidade se instala e passa a acompanhá-las no dia a dia.
Em casos mais graves, a ansiedade pode desencadear ataques de pânico ou outras condições de saúde mental, como fobia social, agorafobia e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Os efeitos da ansiedade no corpo são igualmente variados e podem aumentar o risco de aparecimento de patologias físicas se manifestados a longo prazo.
Embora alguns sejam muito comuns, como taquicardia e dificuldade para respirar, cada pessoa vive a ansiedade de uma forma diferente. Há quem sinta, por exemplo, mais efeitos emocionais em comparação aos físicos.
Se você é uma pessoa ansiosa, é importante saber reconhecer que tipo de sintomas são mais frequentes. Esse conhecimento se torna essencial durante o tratamento da ansiedade patológica.
1. Produção de cortisol
O nosso corpo entende que estamos prestes a enfrentar uma ameaça quando ficamos ansiosos. Até certo ponto, essa afirmação é verdadeira. Pessoas ansiosas costumam ver situações corriqueiras como intimidadoras ou ameaçadoras.
Assim, certos hormônios são liberados para nos preparar para esse confronto, desencadeando mudanças psicológicas, emocionais e fisiológicas. A adrenalina e cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, são exemplos.
Esses hormônios preparem o corpo e a mente para enfrentar ameaças em potencial, despertando o nosso instinto de “lutar ou fugir”. Eles são úteis durante situações estressantes, mas não no dia a dia.
A produção contínua do cortisol e adrenalina é prejudicial para a saúde física e mental. Ela desencadeia uma série de efeitos negativos, como ganho de peso, dificuldade para dormir, alergias de pele, problemas gastrointestinais, entre outros.
2. Problemas cardíacos
Você já deve ter percebido que o seu coração bate mais rápido quando você está ansioso, como se fosse sair pela boca. A razão para isso é semelhante à da produção do cortisol.
O ritmo cardíaco é elevado assim que o instinto de “lutar ou fugir” é ativado para que o sangue circule rapidamente pelo corpo.
O resultado desse processo são palpitações e dores no peito. Se a ansiedade é constante, o risco de desenvolver hipertensão e patologias cardíacas é maior.
Já em indivíduos com problemas cardíacos já diagnosticados, a ansiedade pode causar a obstrução de vasos responsáveis pelo transporte do sangue ao coração.
3. Baixa imunidade
A ansiedade prepara o corpo para responder a uma situação altamente estressante, como visto. Normalmente, ele retorna ao normal quando ela passa ou quando temos controle da ansiedade e estresse.
Quando ela é presente todos os dias, no entanto, o organismo tem dificuldade para voltar ao funcionamento regular.
Afinal, ele entende que você está sempre em confronto ou prestes a entrar em confronto com o perigo. Essa consistência pode enfraquecer o sistema imunológico, deixando você vulnerável a infecções, viroses e outras doenças.
4. Desconforto intestinal
A ansiedade também afeta o funcionamento regular do sistema digestório e excretor. Deste modo, dores de estômago, náusea, diarreia, constipação, azia e outros desconfortos podem se tornar corriqueiros. A longo prazo, a ansiedade também pode incentivar o surgimento da gastrite nervosa.
Essa condição não causa inflamação no estômago como acontece na gastrite clássica, mas os sintomas são igualmente desagradáveis e atrapalham a satisfação com a vida profissional, social e pessoal.
Eles consistem em dor no estômago, enjoo e vômitos, sensação de estufamento, mal-estar, dor de cabeça e perda de apetite.
5. Dores musculares
A tensão muscular é uma resposta natural do organismo a uma possibilidade de ameaça. Após a passagem do período estressante, é normal sentir dores inexplicáveis em diversas partes do corpo ou uma parte específica.
Já no caso da ansiedade crônica, as dores musculares são constantes. Elas podem levá-lo a tomar relaxantes musculares com frequência e aumentar o risco de dependência.
6. Fadiga
O esforço para estar sempre em alerta pode facilmente deixar o corpo fadigado, impedindo que o organismo acesse recursos de energia necessários para funcionar bem.
Consequentemente, o cansaço é experimentado em todos os momentos do dia, independentemente se você se exercitou ou não. A qualidade do sono também não interfere na sensação de letargia.
Quando estamos fadigados, temos dificuldade para fazer atividades que antes eram executadas com rapidez e simplicidade. Também possuímos dificuldade de acompanhar o ritmo das outras pessoas.
Pessoas fadigadas frequentemente optam por não participar de eventos sociais ou engajar em conversas casuais, o que pode danificar seus laços de amizade e estimular a depressão ao longo prazo.
7. Dores de cabeça
Existem várias razões para as dores de cabeça provocadas pela ansiedade. Uma delas está relacionada às alterações no nível de serotonina no cérebro. Uma redução drástica da quantidade desse hormônio resulta, entre outros efeitos negativos, em dores de cabeça desagradáveis.
A ansiedade também pode estimular o bruxismo de vigília, caracterizado pelo apertamento ou ranger dos dentes durante o sono e/ou dia. Como essa ação não apresente nenhuma função, ela causa uma série de desconfortos, entre eles dores de cabeça ao acordar ou ao longo do dia.
8. Alterações respiratórias
Um dos efeitos da ansiedade no corpo mais comuns é a dificuldade de respiração. Você pode ter sensação de sufocamento ou hiperventilação. É comum também sentir formigamento, tontura e/ou aperto no peito enquanto a respiração se torna curta e rápida.
9. Tontura
O súbito aumento da pressão sanguínea é responsável pela sensação de “cabeça avoada” ou tontura.
Outra possível causa é o impacto do cortisol no sistema vestibular no interior dos ouvidos, cuja função é proporcionar equilíbrio e consciência espacial. É aconselhado repousar para aliviar a vertigem e evitar quedas no momento em que esse sintoma se manifesta.
A tontura pode aparecer tanto em momentos de ansiedade quanto durante crises. Quando pessoas ansiosas sofrem demasiadamente de tontura, podem desenvolver a chamada labirintite emocional.
Quais são os principais motivos de ansiedade?
Não existe uma causa específica para a ansiedade. Ela aparece a partir de um conjunto de fatores, como experiências de vida e elementos estressores. Estes podem ser quaisquer situações que causem apreensão excessiva nas pessoas.
Demissão, divórcio, luto, bullying, relacionamento abusivo, mudança de cidade, abuso de substâncias, diagnóstico de uma doença grave e conflitos familiares são alguns desses elementos. Comumente, pessoas que passaram por grandes traumas, como acidente de carro, abuso na infância ou desastre natural, têm mais probabilidade de desenvolver a ansiedade.
A genética também é uma causa em potencial. Quem possui caso na família, pode experimentar a ansiedade excessiva em algum momento da vida. Nesse contexto, é também comum ela aparecer precocemente, na juventude ou início da vida adulta. No entanto, não é um cenário certo já que a ansiedade pode não se tornar patológica.
Sintomas de uma pessoa ansiosa
Os sintomas da ansiedade se dividem entre físicos e psicológicos. Muitas vezes, os sintomas físicos são confundidos com patologias físicas e levam as pessoas a consultar especialistas que não podem ajudá-las. Logo, se faz necessário consultar um psicólogo para investigar a origem dos sintomas.
Sintomas físicos
- Palpitação e dor no peito;
- Respiração ofegante;
- Falta de ar;
- Fala acelerada;
- Tremores;
- Necessidade de roer as unhas;
- Tensão muscular;
- Tontura;
- Enjoo e vômitos;
- Irritabilidade;
- Enxaqueca;
- Insônia;
- Problemas digestivos;
- Pernas agitadas;
- Mãos geladas;
- Suor frio; e
- Fadiga.
Sintomas psicológicos
- Preocupação em excesso;
- Nervosismo;
- Pensamentos acelerados ou obsessivos;
- Medo constante;
- Compulsão;
- Dificuldade de concentração;
- Sensação de perda de controle sobre a própria vida;
- Compulsão;
- Sensação de morte ou que irá morrer logo; e
- Sensação que algo ruim irá acontecer.
Para obter um diagnóstico, os sintomas acima devem se repetir com frequência. No entanto, não é preciso sentir todos eles. Uma pessoa ansiosa pode apresentar mais sintomas físicos que emocionais e vice-versa.
Em alguns casos, ela se acostuma com eles de tal forma que os considera parte de sua personalidade, e não manifestações da ansiedade. Assim, a mudança no comportamento é apontada por pessoas próximas. Seja como for, ao notar a recorrência dos sintomas, um psicólogo deve ser consultado.
Ansiedade tem cura?
Primeiramente, é preciso compreender que a ansiedade é um sentimento intrínseco do ser humano, com capacidade de ser muito útil. Ela alerta sobre possíveis ameaças, guiando as pessoas para caminhos mais seguros.
Quando vai além da sua função original, coloca a pessoa ansiosa em múltiplas ocasiões inconvenientes. Não existe, contudo, uma cura para a ansiedade. Mas é possível aprender a controlá-la para que não interfira na vida cotidiana.
Já os transtornos, por serem mais graves, devem ser tratados para que o indivíduo possa aumentar a sua qualidade de vida. Embora cada um deles tenha sintomas e atributos próprios, os tratamentos apresentam muitas similaridades.
Tratamento para a ansiedade
Os tratamentos mais comuns são a psicoterapia e o uso de medicamentos psiquiátricos. Não raro eles são feitos em conjunto. Porém, o esforço maior recai sobre o paciente. Mudanças no modo de vida são frequentemente recomendadas por psicólogos, portanto, a pessoa ansiosa deve comprometer-se com o tratamento para obter o melhor dos resultados.
Psicoterapia
Na psicoterapia, as causas prováveis da ansiedade são investigadas em conjunto com o psicólogo. O paciente relata as suas preocupações, medos, inseguranças, objetivos que deseja alcançar com a terapia e, por fim, como a ansiedade afeta a sua vida.
O profissional pode repassar pequenos exercícios para serem feitos ao longo da semana, ou induzir o paciente a reflexão sobre seus comportamentos através do diálogo. O autoconhecimento é uma das principais questões abordadas.
A pessoa ansiosa aprende quais são os seus gatilhos e atributos fortes. Assim, adquire conhecimento e autoconfiança para criar as suas próprias estratégias para lidar com a ansiedade no dia a dia. As sessões seguem por tempo indeterminado até ela conseguir encarar aspectos de sua vida que antes considerava intimidadores.
A psicoterapia é indicada para qualquer pessoa, independente da idade e origem. Não há restrições para conhecer o seu mundo interior e aprender a viver com mais leveza.
Tratamento medicamentoso
Às vezes, é preciso fazer uso de medicamentos psiquiátricos para garantir bons resultados. A recomendação para consultar um psiquiatra pode ser feita pelo psicólogo ou médico, ou pode partir de iniciativa própria. Esses medicamentos são receitados pelo profissional após a primeira consulta, na qual o psiquiatra conversará com o paciente para saber como ele se sente e quais os problemas que deseja tratar.
Embora os medicamentos psiquiátricos somente possam ser adquiridos com receita e indicados por um psiquiatra, algumas pessoas se aventuram com remédios de parentes. Essa atitude deve ser evitada, pois causa mais danos à saúde do que melhorias.
Como lidar com a ansiedade?
Como mencionado anteriormente, a pessoa ansiosa tem um papel importante no tratamento e na administração da própria ansiedade. Durante as consultas, o psicólogo passará estratégias para encorajar a mudança de hábitos nocivos, os quais estimulam a ansiedade consciente ou inconscientemente.
Além disso, há algumas atitudes simples que podem ser praticadas diariamente assim como em momentos de grande estresse para aliviar os sintomas da ansiedade. Aliás, elas podem ser adotadas até mesmo por pessoas que não sofrem com a ansiedade como forma de prevenção e manutenção da saúde mental.
Se o paciente não estiver comprometido, raramente o tratamento trará os resultados desejados. Logo, é preciso haver um acordo silencioso, porém amigável, entre ele, o psicólogo e, se for o caso, pessoas próximas que desejam apoiá-lo.
- Organize-se: organização diária ou semanal ajuda a reduzir a sensação de que algo pode dar errado. Para isso, se pode fazer um cronograma de atividades e, ainda, expandir a necessidade de organização para o mundo exterior também, como o quarto ou a casa.
- Mantenha-se no presente: como a pessoa ansiosa costuma escapar da realidade para se preocupar com o que não aconteceu, precisa se esforçar mais para aproveitar o momento presente. Sempre que a necessidade de fugir aparecer, respire fundo e aprecie o que está bem diante dos seus olhos.
- Monitore os pensamentos: a ansiedade se manifesta principalmente nos pensamentos, que criam cenários de catástrofes na cabeça da pessoa ansiosa. Assim, ela passa o dia apreensiva. Por isso, monitorar a qualidade dos pensamentos e combater os negativos é muito importante.
- Respire fundo: respirar profundamente é capaz de acalmar em situações de estresse elevado e promover o relaxamento após um dia cheio. Para melhorar os efeitos no momento de necessidade, pratique-a regularmente. Em apenas um ou dois minutos, é possível relaxar todo o corpo com a respiração.
- Faça meditação: a meditação possui a capacidade de acalmar a mente. Pessoas que recorrem a esta prática conseguem afastar os pensamentos desagradáveis com mais facilidade. É uma atividade excelente para os ansiosos.
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Autor: psicologa Geraldine Medeiros Ferreira - CRP 04/12240Formação: A psicóloga Geraldine Medeiros Ferreira é graduada em Psicologia pela FUMEC, com pós-graduação e especialização em Psicanálise pela Universidade Federal de MG.