A importância da avaliação psicológica para cirurgia bariátrica

Você sabia que é imprescindível realizar uma avaliação psicológica para cirurgia bariátrica? Sim, essa é uma etapa crucial para que seja verificado se a pessoa realmente está preparada para passar por esse procedimento sob o viés emocional.

Isso significa que a finalidade dessa avaliação é preservar a integridade mental do indivíduo que se submeterá a esse procedimento e evitar que ele desenvolva ou agrave possíveis condições psicológicas, seja antes ou depois da cirurgia.

Convém mencionar que o Conselho Federal de Medicina (CFM) já reconhece a necessidade da avaliação psicológica antes da intervenção.  

Nesse sentido, vamos falar, neste artigo, sobre as etapas da avaliação psicológica para cirurgia bariátrica a fim de elucidar todas as dúvidas que possam surgir. Boa leitura!

Como é feita a avaliação psicológica para cirurgia bariátrica?

Antes de falarmos sobre as etapas da avaliação psicológica, saiba que, em 2022, o número de cirurgias bariátricas realizadas pelos planos de saúde aumentou.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foram realizados 65.256 procedimentos pelos convênios no ano mencionado, um aumento de 22,9% quando comparado com 2019.

Essa expansão exige, obviamente, um acompanhamento psicológico rigoroso para evitar possíveis transtornos mentais na vida do paciente.

Dito isso, confira a seguir as etapas da avaliação psicológica pré-cirurgia.

1. Entrevista clínica

A realização de uma entrevista clínica com o psicólogo é o primeiro passo da avaliação. Ela deve ocorrer de forma presencial e seu intuito é permitir que o profissional entenda alguns pontos importantes sobre a saúde mental do paciente.

Além disso, o psicólogo também avaliará a relação do indivíduo com o seu corpo e, principalmente, com a obesidade, para entender se essa foi desencadeada por algum transtorno psicológico.

Algumas perguntas também serão realizadas a fim de identificar possíveis tentativas prévias de perda de peso e porque essas não tiveram êxito. Tudo isso buscando alguma correlação entre obesidade e saúde mental.

2. Avaliação do estado emocional

Dentro da avaliação psicológica para cirurgia bariátrica, um ponto indispensável para a análise do profissional é o estado emocional do paciente.

Isso é extremamente importante para diagnosticar se existem problemas psicológicos que podem afetar o pré e pós-operatório. Afinal, a recuperação do procedimento é delicada e exige saúde mental para passar pelo processo, como a privação de alimentação sólida nos primeiros dias.

Nesse sentido, o psicólogo buscará sinais da existência de alguma condição mental, como depressão e ansiedade, por exemplo.

3. Avaliação da adesão ao tratamento

A bariátrica não é uma intervenção milagrosa. Para que ela traga os resultados desejados, é necessário que o paciente se comprometa a aderir a todo o tratamento após a cirurgia, como dieta e atividade física.

Do contrário, isto é, caso não haja essa adesão, pode acontecer de o paciente retomar ao peso anterior (ou até mais) em pouco tempo, o que pode causar frustrações.

Nesse sentido, durante a avaliação, o psicólogo também questionará o paciente sobre a sua disposição em mudar o seu estilo de vida.

Naturalmente, além da resposta do indivíduo, o profissional também realizará suas considerações baseado nos indícios que lhe forem dados.

4. Avaliação do suporte social

Outro ponto a ser avaliado pelo psicólogo é se o paciente conta com uma rede de apoio com familiares e/ou amigos para ajudá-lo a passar por todo o processo.

Sim, apesar de para alguns parecer algo irrelevante, o suporte de pessoas próximas é imprescindível para o sucesso do tratamento a longo prazo.

Sem esse apoio, o processo pode ser mais difícil para o paciente, fazendo com que ele desista de dar continuidade no meio do caminho.

5. Educação e informação

Muitas pessoas decidem passar pela cirurgia bariátrica pelo desejo de emagrecer, mas desconsideram as informações sobre o tratamento, como riscos, prós e contras e, inclusive, a necessidade de mudar o estilo de vida após a intervenção, como mencionamos aqui.

Portanto, uma das funções do psicólogo durante a avaliação também é conscientizar e informar o paciente sobre todos os detalhes da cirurgia bariátrica.

Essa é uma forma de garantir que ele tome uma decisão consciente, sabendo de todos os pontos que envolvem o procedimento, inclusive quais são as suas responsabilidades antes e depois dele.

6. Avaliação da motivação

Em uma avaliação psicológica, o profissional também analisará de forma profunda quais são as reais motivações do paciente para passar pelo procedimento cirúrgico.

Por exemplo: se é para ter uma qualidade de vida melhor, priorizando a saúde, ou se as motivações são frutos de uma pressão externa por um corpo que atenda àquilo que a sociedade espera.

É muito importante levar isso em conta, pois esse fator está diretamente relacionado com a saúde mental do indivíduo. Dessa forma, consegue-se evitar o agravamento de alguma condição emocional.

7. Avaliação de transtornos alimentares

Não é incomum encontrar pacientes que possuem transtornos alimentares e, por não conseguirem alcançar o “corpo ideal”, decidem se submeter à bariátrica.

Entretanto, nesses casos fica claro a relação entre a compulsão alimentar e condições psicológicas, o que sugere ao psicólogo que a saúde mental do paciente não vai bem e que há boas chances de, após a cirurgia, o paciente não conseguir seguir com o tratamento.

Desse modo, o profissional deverá avaliar cuidadosamente se há algum histórico de transtornos alimentares e decidir por tratá-lo junto ao paciente antes de liberar o laudo para a realização da cirurgia.

8. Avaliação de comorbidades psicológicas

Existem comorbidades psicológicas que funcionam como fatores de risco para a cirurgia e para o pós-operatório. Ou seja, assim como existe o risco cirúrgico realizado pelo médico, o psicólogo também deve avaliar a existência de alguma risco emocional. 

Nesse sentido, saiba que a dependência química e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), por exemplo, são alguns dos exemplos.

Caso seja reconhecida alguma comorbidade psicológica durante a avaliação, então será necessário tratá-la primeiro antes de autorizar a cirurgia bariátrica.

9. Aconselhamento pré-cirúrgico

A última etapa da avaliação psicológica para cirurgia bariátrica é o aconselhamento pré-cirúrgico. Isso significa que, caso o psicólogo entenda que é necessário, ele pode indicar algumas sessões de terapia para o paciente antes do procedimento.

Nessas, será possível trabalhar, dentre outras coisas, estratégias para enfrentar o período pós-cirúrgico, novas formas de se relacionar com a alimentação e o desenvolvimento de habilidades emocionais para lidar com o estresse que pode surgir diante da impossibilidade de comer tudo o que o paciente quiser.

Quantas sessões de terapia são necessárias para um laudo psicológico para cirurgia bariátrica?

Como forma de garantir que a avaliação psicológica seja minuciosa para, assim, garantir um laudo realmente assertivo, são recomendadas, no mínimo, 3 sessões de terapia.

Entretanto, podem ser necessárias mais sessões a depender da condição e das necessidades de cada paciente que venham a ser percebidas pelo psicólogo.

Conclusão

Mais do que exigida pela medicina, a avaliação psicológica para cirurgia bariátrica é extremamente relevante na vida do paciente. 

Isso porque, como vimos, ela contribui para garantir que o indivíduo consiga enfrentar com qualidade e tranquilidade essa transição que, muito mais do que física, também é mental.

Portanto, estar amparado por um profissional da Psicologia nesse momento é uma forma de garantir saúde mental e uma boa adaptação no pós-cirúrgico. 

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