Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Thiago Galdino de Souza - Psicólogo CRP 04/36869
O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) é uma condição psicológica complexa que, embora frequentemente retratada na mídia de maneira sensacionalista, exige compreensão e abordagem cuidadosa.
Assim, este transtorno, que desafia nossas noções de identidade e memória, tem sido objeto de interesse tanto para profissionais de saúde mental quanto para o público em geral.
Então, continue lendo este artigo para entender o que de fato é o Transtorno Dissociativo de Identidade, suas causas, diagnóstico e tratamento.
O que é o Transtorno Dissociativo de Identidade?
O TDI, anteriormente conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla, é um distúrbio psicológico caracterizado pela presença de duas ou mais identidades – ou estados de personalidade distintos – dentro de um mesmo indivíduo.
Dessa forma, essas identidades, também chamadas de “alters”, podem assumir o controle do comportamento da pessoa em diferentes momentos, sendo que cada identidade pode ter suas próprias memórias, comportamentos e características individuais.
Portanto, a pessoa pode sentir como se tivesse múltiplas personalidades dentro de si.
Como o Transtorno Dissociativo de Identidade se apresenta?
O Transtorno Dissociativo de Identidade se apresenta através de uma variedade de sintomas, como:
1. Mudança de identidade
A pessoa pode apresentar mudanças repentinas e drásticas em seu comportamento, voz, expressão facial e até mesmo habilidades motoras.
Além disso, essas mudanças podem ser notadas por outras pessoas como se diferentes “personas” ou “alters” estivessem no controle.
2. Despersonalização e desrealização
A despersonalização é a sensação de estar desconectado de si mesmo, como se você estivesse observando sua vida de fora do seu corpo, como se fosse um espectador da sua própria vida.
Já a desrealização é a sensação de que o ambiente ao seu redor é irreal, estranho ou artificial. Assim, é como se o mundo externo fosse visto por um véu ou um filtro distorcido.
3. Comportamentos e habilidades diferentes
O indivíduo com TDI pode apresentar comportamentos e habilidades diferentes dependendo de qual identidade está no controle no momento.
Dessa forma, uma identidade pode ser calma e introvertida, enquanto outra pode ser extrovertida e impulsiva, por exemplo.
Além disso, uma identidade pode ser mais habilidosa em esportes ou atividades artísticas, enquanto outra pode não ter essas competências. Algumas identidades podem falar línguas estrangeiras ou ter conhecimentos específicos que outras não possuem.
4. Perda de tempo
A “perda de tempo” é um sintoma comum dessa condição, em que a pessoa experimenta lacunas significativas em sua memória.
Assim, durante esses períodos, outras identidades assumem o controle e a pessoa não tem recordação das ações ou eventos que ocorreram.
Por exemplo, alguém com TDI pode sair para uma caminhada e “acordar” horas depois em uma parte diferente da cidade, sem nenhuma lembrança de como chegou lá.
5. Sintomas físicos
Os sintomas físicos podem variar amplamente entre as diferentes identidades, sendo que essas variações podem incluir mudanças na condição física, como uma identidade ter alergias ou problemas de visão que outras identidades não possuem.
Ademais, alterações fisiológicas, como variações na pressão arterial e na frequência cardíaca, também são comuns, além de sensações corporais, como dores ou desconfortos que desaparecem quando outra identidade assume o controle.
6. Problemas emocionais e relacionais
A pessoa com TDI pode experimentar uma ampla gama de emoções que mudam drasticamente dependendo de qual identidade está no controle
Além dos problemas emocionais, o transtorno também pode causar sérios problemas relacionais, pois a presença de múltiplas identidades pode levar a comportamentos inconsistentes, o que pode confundir amigos, familiares e colegas de trabalho.
Assim, as identidades diferentes podem ter atitudes e sentimentos distintos em relação às mesmas pessoas, resultando em relações tumultuadas e imprevisíveis, onde uma identidade pode confiar em uma pessoa enquanto outra pode desconfiar ou não gostar dela.
Principais causas do Transtorno Dissociativo de Identidade
O Transtorno Dissociativo de Identidade é geralmente associado a experiências traumáticas, particularmente aquelas que ocorrem durante a infância.
Sendo assim, as principais causas do TDI incluem:
- Negligência e abandono: falta de atendimento das necessidades básicas e ausência de figuras de apego confiáveis.
- Traumas na infância: abuso físico, sexual ou emocional intenso e repetitivo durante a infância.
- Ambiente familiar disfuncional: violência doméstica, abuso de substâncias e instabilidade emocional.
- Mecanismo de defesa: criação de identidades separadas para lidar com memórias e sentimentos traumáticos.
- Fuga mental: uso da dissociação para se afastar mentalmente de situações traumáticas insuportáveis.
Esses fatores, principalmente se combinados, criam um ambiente no qual o TDI pode se desenvolver como uma resposta adaptativa aos traumas.
Como é feito o diagnóstico do Transtorno Dissociativo de Identidade?
O diagnóstico do TDI é um processo complexo que envolve várias etapas para garantir uma avaliação precisa. Mas uma visão geral do processo pode envolver:
1. Avaliação clínica detalhada
O processo começa com uma entrevista clínica abrangente conduzida por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo. Essa entrevista busca entender os sintomas e a história pessoal e médica do paciente.
2. Sintomas dissociativos
O profissional avalia a presença dos sintomas dissociativos já mencionados, como amnésia dissociativa, despersonalização e desrealização.
3. Uso de questionários e escalas
Ferramentas de avaliação específicas, como a Structured Clinical Interview for DSM-5 Dissociative Disorders (SCID-D) e o Dissociative Experiences Scale (DES), são usadas para quantificar os sintomas dissociativos e apoiar o diagnóstico.
Por fim, é importante ter em mente que um diagnóstico preciso e completo é essencial para desenvolver um plano de tratamento eficaz.
Tratamentos para o Transtorno Dissociativo de Identidade
O tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade envolve principalmente psicoterapia, focada na integração das diferentes identidades e no tratamento de traumas subjacentes.
Além disso, diferentes terapias, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia Comportamental Dialética (TDC), ajudam a regular emoções e reprocessar memórias traumáticas que podem ter desencadeado o transtorno.
Ademais, medicações específicas, terapia familiar e grupos de apoio proporcionam suporte adicional.
O tratamento é de longo prazo, visando melhorar a qualidade de vida e, como mencionado, promover a integração das identidades.
Como auxiliar um paciente com TDI?
Para auxiliar um paciente com TDI, é fundamental que amigos e familiares adotem uma abordagem compreensiva e empática, podendo seguir algumas diretrizes básicas:
- Criação de um ambiente seguro
Proporcione um ambiente estável e seguro, onde o paciente se sinta aceito e protegido. Consistência e previsibilidade são importantes para ajudá-lo a sentir-se seguro.
- Respeito às identidades
Reconheça e respeite as diferentes identidades do paciente. Portanto, evite forçar a integração ou menosprezar qualquer identidade.
- Apoio terapêutico
Incentive o paciente a continuar o acompanhamento psicológico, siga as recomendações do profissional e observe se as abordagens adotadas estão atendendo às expectativas.
Além disso, tente entender se há necessidade de acompanhar o paciente durante as sessões de terapia e se ele deseja ter esse tipo de apoio.
Profissional indicado para o Transtorno Dissociativo de Identidade
O tratamento do Transtorno Dissociativo de Identidade envolve psiquiatras, psicólogos clínicos e terapeutas especializados em trauma e dissociação.
Psiquiatras podem diagnosticar e prescrever medicamentos para sintomas associados, como depressão e ansiedade.
Enquanto isso, o psicólogo atua nas sessões de psicoterapia, permitindo que o paciente consiga reconhecer e resolver os traumas que o levaram a ter mais de uma identidade.
Vale dizer que, escolher um profissional com experiência comprovada em TDI é essencial, pois o paciente tende a se sentir mais seguro e compreendido durante o processo terapêutico.
Portanto, procurar um psicólogo é o primeiro passo para enfrentar essa condição complexa.
Relação entre Transtorno Dissociativo de Identidade e outros transtornos
O TDI frequentemente coexiste com outros transtornos mentais, como transtornos de ansiedade, depressão e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), todos ligados a traumas severos.
Além disso, a relação com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é comum devido à instabilidade emocional compartilhada.
Por fim, transtornos alimentares e por uso de substâncias também são prevalentes, sendo tentativas de lidar com os sintomas intensos do TDI.
Assim, essa coexistência complexa exige um tratamento integrado e multidisciplinar para abordar todas as condições presentes.
Conclusão
Em conclusão, o Transtorno Dissociativo de Identidade é uma condição complexa e multifacetada que frequentemente coexiste com diversos outros transtornos mentais.
Portanto, essa coexistência ressalta a importância de uma abordagem terapêutica integrada e multidisciplinar para tratar o TDI de maneira eficaz, sendo que a escolha de profissionais especializados é fundamental para o sucesso do tratamento.
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Autor: psicologo Thiago Galdino de Souza - CRP 04/36869Formação: O psicólogo Thiago Galdino é graduado pela Associação Catarinense de Ensino (A.C.E), possui especialização em Saúde Mental e Coletiva pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC -Barbacena), é especialista em Transtorno do espectro autista (TEA), com a abordagem Son Rise-Nível 1.