Terapia infantil como ponte para o bem-estar de crianças

A terapia para crianças possui vários objetivos. A infância é uma fase importante do desenvolvimento humano.

Durante esse período de inocência e de descobrimento, as crianças exercem a sua imaginação e constroem laços de amizade, bem como vivem as primeiras decepções.

É também na infância que a maioria dos problemas emocionais nascem. Você provavelmente se lembra de diversos momentos negativos deste período, certo?

Um sermão dos pais, as provocações de um coleguinha de turma, um evento embaraçoso na escola… Essas experiências ficam marcadas na memória e podem acompanhar as pessoas pelo resto de suas vidas.  

A infância também é o momento da formação da personalidade. As experiências dessa época definem traços, hábitos e crenças que serão cultivados por quase toda a vida. Por isso, é importante que as crianças tenham vivências de qualidade. 

A infância recebe muita atenção dos psicólogos. Para reduzir o sofrimento dos pequenos e diminuir as probabilidades de condições psicológicas graves se formarem no futuro, os pais podem levar os filhos à terapia.

Leia também: Saúde mental materna: entenda a importância e cuidados!

O que é terapia infantil?

A terapia infantil é uma vertente da psicoterapia dedicada ao atendimento de crianças, utilizando recursos lúdicos como ferramenta principal. 

Assim, ao empregar brincadeiras e jogos, os profissionais buscam observar e compreender o comportamento das crianças para identificar questões emocionais e conflitos que podem não ser facilmente expressos verbalmente.

Essa abordagem visa aliviar o sofrimento imediato da criança e encontrar caminhos para lidar com os desafios, tudo em busca do bem-estar emocional dos pequenos.

Neste cenário, as atividades lúdicas desempenham um papel crucial no processo de diagnóstico, já que as crianças muitas vezes não têm a capacidade de articular seus sentimentos de forma direta durante o atendimento. 

Desta maneira, a terapia infantil cria um ambiente seguro e não intrusivo, para que crianças interajam com o terapeuta e estabeleçam uma relação de confiança, facilitando a exploração e resolução de problemas emocionais. 

Além disso, ao identificar conflitos que afetam os pacientes, a terapia infantil também busca impactar positivamente os pais ou responsáveis, auxiliando-os na compreensão e manejo dos desafios enfrentados pela criança.

Terapia infantil: a partir de que idade meu filho pode fazer?

A idade recomendada para iniciar a terapia infantil é a partir dos três anos. 

Nesse processo, a participação ativa dos pais ou responsáveis é crucial, sendo necessário dedicar-se à terapia quando necessário. 

Aqui, comportamentos atípicos observados por pais ou professores, como acessos de raiva, podem indicar a necessidade de terapia. 

Reforçando que para serem considerados preocupantes, tais comportamentos devem ocorrer com frequência, como mais de uma vez por semana, persistindo ao longo de meses, ou até mesmo de forma diária em casos mais graves. 

Deste modo, essa intervenção terapêutica ajudará a abordar questões emocionais e comportamentais desde a infância, visando o bem-estar e desenvolvimento saudável das crianças.

Como é feita a terapia infantil?

A terapia infantil é feita com uma abordagem psicológica distinta, reconhecendo as particularidades das crianças em comparação aos adultos. 

Isso porque, diferentemente dos mais velhos, as crianças se expressam melhor por meio de atividades lúdicas e brincadeiras do que com palavras.

Ou seja, tanto em casa quanto na terapia, o modo de brincar das crianças permanece similar, sendo uma forma crucial de comunicação.

Então, durante as sessões, os psicólogos empregam a ludoterapia, que envolve o uso de jogos, desenhos, brinquedos e brincadeiras para adentrar no mundo interior da criança. 

Essa abordagem permite a identificação de conflitos emocionais, medos, angústias, inseguranças e comportamentos problemáticos. 

Melanie Klein, pioneira na terapia infantil, destacou que as brincadeiras das crianças contém códigos que fornecem acesso ao seu inconsciente, sendo dever do profissional decifrá-las para interpretar a linguagem não-verbal utilizada pelas crianças.

Além disso, contribuindo para o campo, Anna Freud estudou as experiências de crianças abandonadas e negligenciadas, buscando compreender as características dos laços infantis com os pais. 

Para ela, essas experiências poderiam resultar em problemas psicológicos no futuro. 

Assim, a terapia para crianças busca decodificar as manifestações lúdicas e entender influências familiares e experiências que podem moldar a saúde mental das crianças.

Benefícios da terapia para crianças

Abaixo, listamos as principais vantagens da terapia para crianças. Confira!

Substituição de comportamentos negativos por positivos

A terapia para crianças não se limita ao tratamento de distúrbios. 

Ela também desempenha um papel fundamental na substituição de comportamentos negativos por positivos. 

Portanto, ao proporcionar uma abordagem preventiva, essa terapia contribui para o aprimoramento do aproveitamento da vida da criança, promovendo um desenvolvimento saudável.

Desenvolvimento de habilidades sociais desde a infância

Nos primeiros anos, algumas crianças podem apresentar insegurança e dificuldade em socializar, o que impacta diretamente na construção da autoestima e na habilidade de interação social. 

Neste cenário, a terapia atua como uma ferramenta para liberar a criança dessas inseguranças, medos e incertezas, permitindo a construção de uma autoimagem positiva e o estabelecimento de bons relacionamentos interpessoais desde cedo.

Isso, por sua vez, prepara a criança para lidar eficazmente com desafios sociais no futuro.

Controle emocional precoce

O desenvolvimento do controle emocional é outro benefício crucial da terapia para crianças. 

Diferentemente dos adultos, os pequenos têm mais dificuldade em administrar suas emoções, sendo vulneráveis e dominados por elas. 

Aqui, a terapia proporciona um ambiente no qual as crianças podem desenvolver precocemente essa habilidade socioemocional, preparando-as para lidar com desafios emocionais ao longo da vida. 

Embora os resultados possam não ser imediatamente perceptíveis para os pais, o aprendizado adquirido na terapia permanece no inconsciente da criança, influenciando positivamente seu comportamento futuro.

Como é uma consulta de terapia para crianças?

O primeiro contato é feito, é claro, pelos pais ou tutores da criança. Na primeira consulta, o psicólogo conversa com eles para saber os objetivos idealizados e as preocupações com a saúde mental da criança.

Informações sobre o histórico de saúde, o planejamento da gravidez, o período de gestação e a relação com outros parentes também são requisitadas. Através delas, o psicólogo consegue compreender a dinâmica familiar e, assim, identificar padrões que corroboram para as condutas inapropriadas da criança.

A relação da criança com a escola e os estudos também é muito interessante. Se os pais notarem uma queda significativa do rendimento escolar, devem contar ao psicólogo. Transtornos de aprendizagem são muito comuns e impactam significativamente o cotidiano da criança.

Depois desta entrevista, as sessões de terapia para crianças são iniciadas. Ainda que a criança não seja comunicativa, o psicólogo consegue identificar os dilemas e as dores emocionais dela com base na conversa com os pais e na ludoterapia.

Após fazer a avaliação inicial da conduta da criança, o psicólogo chama os pais ou os cuidadores novamente para fazer a devolutiva. Nesta nova consulta, são repassadas as possibilidades de tratamento para os conflitos ou a condição psicológica da criança.

Não existe um tempo específico de tratamento. A duração das consultas dependerá da gravidade do quadro da criança. Se ela exibir sintomas severos de ansiedade, por exemplo, é provável que o tratamento seja longo.

Outro fator importante é a presença dos pais. Ela é indispensável durante todo o acompanhamento psicológico. O psicólogo pode requisitar consultas individuais com eles para conversar sobre a evolução do tratamento. No caso de pais separados, as sessões podem ser feitas individualmente se este for o desejo da família.

Quais os tipos de terapia infantil?

A psicoterapia infantil destaca-se por incorporar dinâmicas lúdicas e utilizar diversos métodos para proporcionar tratamento eficaz às crianças. 

Abaixo, apresentamos alguns tipos de terapia infantil. Acompanhe.

1. Musicoterapia

A musicoterapia é uma abordagem que utiliza sons, ruídos e melodias para estimular aspectos emocionais, intelectuais e físicos. 

Essa técnica é particularmente eficaz para crianças com dificuldades sociais ou linguísticas, proporcionando uma forma única de expressão e comunicação.

2. Ludoterapia

A ludoterapia baseia-se no uso de jogos e brincadeiras para promover a interação e diversão durante o processo terapêutico. 

Com ela, de maneira subjetiva, o profissional observa as reações da criança, permitindo que ela construa significados e compreenda suas emoções e relações interpessoais de forma mais profunda.

3. Brincadeiras que Exercitam a Imaginação

Este método de terapia infantil envolve brincadeiras que exercitam a imaginação, promovendo o desenvolvimento criativo da criança. 

Nele, as atividades de faz de conta ativam a imaginação e permitem que a criança compartilhe experiências sociais e pessoais enquanto cria situações imaginárias. 

O psicólogo utiliza essas brincadeiras para identificar fatores como comunicação e socialização, influenciando positivamente no desenvolvimento intelectual, social, na coordenação motora e nas funções fisiológicas da criança.

Cada tipo de terapia infantil oferece abordagens únicas, adaptando-se às necessidades individuais das crianças, proporcionando um ambiente terapêutico acolhedor e eficaz.

Quando as crianças precisam de terapia?

A ludoterapia é normalmente destinada às crianças entre 3 e 12 anos. As famílias podem levá-las à terapia assim que perceberam a recorrência de atitudes incomuns.

Como as crianças raramente conseguem comunicar o que sentem com clareza aos adultos, os familiares precisam prestar minuciosa atenção ao seu comportamento. Se houver uma mudança brusca de atitude, a criança pode estar sofrendo com questões emocionais que não consegue resolver sozinha.

Alguns pais sentem vergonha de levar os filhos ao psicólogo. Eles têm medo do julgamento de vizinhos, amigos, familiares e outros pais. Não raro acreditam estar fazendo algo errado com a criação dos filhos e procuram evitar interpretações de profissionais.

Entretanto, essa postura agrava o sofrimento das crianças! Quando atingirem a adolescência ou a vida adulta, podem desenvolver condições psicológicas graves em razão da falta de tratamento psicológico na infância. O bem-estar dos filhos deve se sobressair ao receio e a vergonha dos mais velhos.

Entre as razões para levar uma criança à terapia estão:

• Mudanças bruscas de comportamento;
• Queda do rendimento escolar;
• Brigas na escola;
• Reclamações constantes dos professores;
• Hiperatividade;
• Isolamento social;
• Comportamento desafiador;
• Dificuldade de manter a concentração;
• Ansiedade no momento da separação dos pais;
• Dificuldade de interagir com as crianças da mesma idade;
• Agressividade (brigar, destruir brinquedos, morder, gritar, xingar);
• Excesso de timidez;
• Crises de choro constantes;
• Manha excessiva;
• Dificuldades para dormir.

Os elementos acima podem ter relação com condições psicológicas ou fatores ambientais, como mudança de escola, mudança de cidade, mudança no estilo de vida, separação dos pais, luto, entre outros.

Em alguns casos, uma mudança singela pode ser o suficiente para a criança recobrar a alegria na vida diária. Já em outros, um tratamento psicológico de longa duração é a alternativa mais adequada. Para identificar o melhor caminho, o psicólogo deve ser consultado.

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Problemas psicológicos em crianças

Assim como os adultos, os pequenos também podem sofrer com condições que afetam o emocional e o psicólogo. Embora a terapia para crianças não tenha como único objetivo tratar problemas psicológicos, eles merecem destaque em razão de sua gravidade.

Os pais podem ter dificuldade de perceber sintomas por conta do comportamento imprevisível dos filhos. Crianças vivem no mundo da imaginação e não controlam muito bem as suas emoções, por isso têm manias excêntricas, são manhosas e possuem modos exagerados para chamar atenção.

Além disso, são enérgicas e espoletas. Os adultos já esperam que sejam um pouco hiperatividades e se metam em confusão de vez em quando.

Devido à diversidade de comportamentos, os pais podem achar que os filhos estão passando por uma fase, mas, na verdade, estão sofrendo com os sintomas de uma condição psicológica. Abaixo, veja alguns dos problemas que as crianças podem ter:

• Ansiedade;
• Depressão;
• Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);
• Transtorno de conduta;
• Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD);
• Transtorno do Espectro Autista (TEA);
• Distúrbio alimentar; e
• Transtorno do humor.

Os sintomas dos problemas psicológicos acima podem se manifestar de formas variadas em crianças. Normalmente, elas ficam mais quietas, chorosas e nervosas, além de se recusarem a conversar com os pais. Esses são outros indicativos que a criança precisa de ajuda profissional.

Conclusão

A terapia infantil é crucial no desenvolvimento saudável das crianças, indo além do tratamento de distúrbios para promover benefícios amplos. 

Como você viu ao longo desta leitura, ao utilizar abordagens específicas, como a ludoterapia, musicoterapia e brincadeiras que exercitam a imaginação, os profissionais conseguem atingir diversos objetivos terapêuticos. 

Essas técnicas proporcionam uma expressão única e eficaz para as crianças e também ajudam a substituir comportamentos negativos por positivos, promovendo um desenvolvimento emocional e social saudável desde tenra idade.

Além disso, destacamos que a escolha de iniciar a terapia infantil pode ser guiada por sinais como comportamentos atípicos, acessos de raiva frequentes ou dificuldades de socialização. 

Deste modo, a partir dos três anos de idade, a terapia pode ser benéfica, contando com a participação ativa dos pais. 

Lembre-se que a terapia infantil não só alivia o sofrimento imediato, mas prepara as crianças para lidar com desafios sociais, desenvolvendo habilidades emocionais e sociais cruciais para o futuro. 

Então, investir na saúde mental das crianças desde cedo é uma medida preventiva e enriquecedora, e para isso, conte como time de profissionais da Psitto! 

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