Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online.
O luto é um conjunto de emoções sentidas após uma perda impactante. Quando alguém querido se vai, ficam as memórias, os pertences pessoais e dezenas de questionamentos sobre como superar a dor da partida.
As pessoas ainda possuem muita dificuldade para lidar (às vezes, até mesmo aceitar) a morte. Embora seja a única certeza da vivência humana, é um assunto doloroso e, por vezes, tabu. Essa característica torna ainda mais necessário aprender a lidar com ela.
ÍNDICE
O que é o luto
O luto é também descrito como uma reação intensa a grandes perdas. É uma experiência muito particular e vivida de forma diferente por cada pessoa. Não há exatamente um prazo para o luto acabar. As pessoas podem carregar a dor da perda, em menos ou mais intensidade, por anos.
Indivíduos que não são “bem entendidos” com a própria mortalidade e o conceito de morte costumam sofrer mais. Além da tristeza e da saudade que resultam da morte de alguém amado, ainda precisam lidar com os questionamentos sobre o fim da vida. No momento delicado que segue a partida, pode ser muito para administrarem de uma vez.
Como as perguntas acerca da morte acabam ficando sem resposta definida, as pessoas se apoiam nas crenças, nos sentimentos e no amor. Portanto, para passar pelo luto de forma emocionalmente sadia, é essencial saber gerir as suas emoções.
Cinco estágios do luto
Alguns psicólogos classificam as reações ao luto em cinco categorias, que são descritas como “estágios”. Embora não formem um sistema 100% exato, são utilizados como referência para identificar a reação ao luto.
A forma como as pessoas passam por cada um deles pode variar. Algumas podem se identificar mais com os estágios 2 ou 3 enquanto outras se veem nos 4 e 5. A reação depende muito da bagagem histórica, emocional e cultural das pessoas.
Confira-os abaixo:
1. Negação
A negação é sem dúvidas a reação mais comum entre os indivíduos que perdem uma pessoa amada. É uma fase de não assimilação da realidade ou de choque. É comum os psicólogos ouvirem “ainda não parece verdade” quando a pessoa em luto expressa seus sentimentos sobre a perda. Essa sensação pode perdurar por semanas, meses e até anos.
A morte retira o ente querido da vida deles, deixando em seu lugar uma sensação de vazio e de silêncio. Viver sem a presença daquele alguém especial pode ser doloroso demais, por isso a tendência é entrar em negação.
2. Raiva
Em seguida, vem à raiva.
Raiva por ter perdido a pessoa amada ou por ela ter sido “tirada” do indivíduo, como se alguém fosse o responsável pela morte dela. A raiva pode ser direcionada aos médicos, familiares, amigos ou até mesmo para si próprio. É comum haver explosões de raiva e pensamentos irracionais sobre os culpados da morte da pessoa.
A raiva pode ser passageira ou persistir por tempo indeterminado. Nesse caso, pode afetar os relacionamentos já existentes do indivíduo bem como dificultar a construção de novos. Hábitos autodestrutivos, como alcoolismo e abuso de substâncias, também podem ser desenvolvidos como maneiras de aliviar a raiva.
É importante que os amigos e familiares estejam presentes para que a pessoa raivosa não se coloque em situações de risco.
3. Negociação ou barganha
Esse estágio se manifesta na forma de questionamentos. “E se eu tivesse feito isso…?”, “E se eu pudesse fazer isso…?” e “Se eu tivesse tomado determinada atitude, a pessoa poderia estar vida!” são exemplos de negociações. É uma espécie de barganha com o sobrenatural para reverter o passado.
Também é notada em casos de doenças graves. Os parentes, sentindo-se impotentes, negociam para tentar salvar a vida do ente querido. A própria pessoa doente pode fazer promessas para ela mesma ou para entidades religiosas de ter comportamentos melhores se for curada.
Esse estágio é mais forte em pessoas que acompanham alguém próximo passar por uma doença. Quando acontece a morte, as negociações se mostram inúteis e podem dar início ao processo de luto.
4. Depressão
A dor e a tristeza são tão intensas que a pessoa sente sintomas semelhantes aos da depressão ou, ainda, pode desenvolver uma. Esse estágio pode requerer o acompanhamento de um psicólogo. Esse, por sua vez, não faz a cura do luto. Afinal, ele não é uma patologia.
A psicoterapia ajuda a pessoa que sofre a viver o luto de forma menos doentia para o seu emocional e psicológico. Não é saudável ignorar ou tentar silenciar as emoções sentidas durante o processo de superação da morte. Apesar de ser difícil, o recomendado é abraçá-las para que deixem de ser dominadoras.
Caso contrário, pode-se mergulhar em um estado de profunda tristeza e sensibilidade emocional, tornando a retomada à vida diária mais lenta.
5. Aceitação
O último estágio é, por fim, a aceitação da situação.
Os sentimentos deixam de bloquear a noção da morte e a perspectiva da vida sem a presença da pessoa amada. Obviamente, a memória dela não será apagada – e nem deve!
É importante relembrar os que já partiram com amor e, se possível, com bom humor. As suas boas ações, traços marcantes da personalidade e situações agradáveis vividas em conjunto são mais gostosas de serem guardadas do que o lado negativo, o qual já não importa mais.
A aceitação traz tanto paz de espírito para quem ficou quanto um grande aprendizado sobre a finitude da vida. É neste estágio que a pessoa consegue concentrar-se novamente no presente e viver a sua vida.
Como lidar com o luto
Mesmo tendo a tristeza como característica principal, o luto pode ser saudável. Ele é uma reação natural das pessoas à morte e deve ser sentido, até certo ponto, para que elas encontrem o alívio ocasionado pela aceitação.
Para evitar ceder à estagnação em algum dos cinco estágios do luto, é importante resistir ao desejo de reclusão. É natural querer passar alguns momentos sozinho para sentir-se triste na privacidade do próprio lar. Esse período de introspecção é necessário para o entendimento da perda.
Porém, manter-se isolado das pessoas (e da vida) por um longo período não é a postura mais adequada. Os amigos e a família devem estar perto para ajudar na superação do luto. Compartilhar a experiência pode aliviar os sentimentos. Hoje, para ajudar, existem grupos de apoio presenciais e virtuais justamente para falar sobre assuntos como esse com pessoas que passaram pela mesma situação.
As emoções precisam ser colocadas para fora através do diálogo, de atividades prazerosas, de exercícios físicos, da palavra escrita ou da terapia. A sua repressão pode ocasionar condições mentais graves.
Lembre-se da pessoa com carinho
A saudade é tanta que o desejo de afastar as memórias pode ser forte nos primeiros dias ou semanas. No entanto, procure substituí-lo pelo desejo de lembrar somente do que foi realmente importante para você ou para ambos. Guarde os momentos bons no coração.
Apesar de a morte ser vista como terrível e devastadora no Brasil, é possível aliviar essas perspectivas negativas com lembranças calorosas do falecido. Se possível, converse com outros sobre o que você gostava na pessoa querida e compartilhe histórias engraçadas.
Aos poucos, retorne à rotina
Ficar acuado no quarto apenas aumenta as chances de uma patologia grave se instalar em você e causar ainda mais sofrimento. Não é preciso retornar ao trabalho ou ao mesmo ritmo de vida de imediato. Pode levar meses para que você se sinta capaz de viver da maneira como vivia previamente.
Todavia, não lute contra a vida. Se esforce para realizar pequenas tarefas diariamente para sentir novamente a sensação de controle sobre a sua existência.
Se sentir vontade de aceitar convites de saídas com amigos e colegas de trabalho, o faça. Afinal, você pode voltar para casa mais cedo se não se sentir bem no local. Não se sinta culpado por querer viver de forma semelhante a do passado.
Aceite os seus sentimentos
A saudade de quem partiu vai se manifestar de diversas formas ao longo da vida.
Um cheiro, uma música, uma experiência, um gosto – tudo é capaz de despertar lembranças. Você provavelmente sentirá vontade de chorar ou ficará triste, especialmente próximo ao aniversário da morte da pessoa.
Permita-se viver esses sentimentos. Diga a si mesmo que são seus e, naquele momento, você os sentirá. Aproveite para matar a saudade do ente querido através deles, mas não se entregue totalmente.
Se estiver com dificuldade para lidar com o luto, busque ajuda profissional para aprender a digerir e administrar dores emocionais intensas.
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Autora: Thaiana F. Brotto - CRP 06/106524 Formação: A psicóloga Thaiana Filla Brotto é graduada em Psicologia pela PUC-PR em 2008 e já escreveu mais de 100 artigos para o Blog da Psitto. Thaiana é especialista em Terapia Comportamental pela USP e é pós-graduanda em Neurociência pela PUC. CRP 06/106524 (Conselho Regional de Psicologia).