Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que fazem terapia online. Autor: Camila Maria Felipe Vega - Psicólogo CRP 04/40773
A dificuldade de aprendizagem é uma condição que afeta diversas funções cognitivas ligadas ao processo de aprender.
Além de dificultar a retenção e compreensão de informações, essa condição pode trazer diversos incômodos emocionais para as pessoas que precisam conviver com ela.
Julgamentos, bullying, comentários maldosos e falta de oportunidades profissionais são experiências que fazem as pessoas com dificuldade de aprendizagem acreditarem que não possuem o mesmo potencial que as demais.
Por isso, elas podem se sentir inferiorizadas, o que só agrava a relação com os estudos.
Por isso, psicólogos recomendam a busca por um profissional especializado o quanto antes aos pais e indivíduos que possuem dificuldades extremas associadas a algum fator do aprendizado.
Além disso, procurar informações sobre essa condição é uma maneira prática de compreendê-la, e a desenvolver o autoconhecimento e, consequentemente, sentir mais autocompaixão.
Neste post, falaremos sobre as diversas condições que podem afetar a aprendizagem, como é o diagnóstico de condições relacionadas, e como é feito o tratamento.
Acompanhe a leitura!
O que é dificuldade de aprendizagem?
Dificuldade de aprendizagem é um termo usado para descrever um grupo de condições que interferem na capacidade de uma pessoa de aprender.
Essas condições geralmente afetam a leitura, a escrita, a matemática, a fala ou a compreensão de crianças e adultos.
É importante, desde já, compreender que pessoas com dificuldade de aprendizagem não são menos inteligentes do que outras. Elas simplesmente aprendem de maneiras diferentes.
Por isso, é importante que recebam suporte e adaptações para que possam ter sucesso na escola e em suas vidas.
O que causa os problemas de aprendizagem?
Alguns problemas de aprendizagem são causados por disfunções neurológicas, que interferem no funcionamento regular de certas partes do cérebro.
Por isso, de acordo com o DSM-V, eles também são chamados de ‘transtornos do neurodesenvolvimento’.
O início dos déficits na capacidade de aprender acontece no período do desenvolvimento infantil.
Eles podem ser provocadas por fatores hereditários, ter associação com síndromes genéticas, como a Síndrome de Down e a Síndrome de Lesch-Nyhan, e outros transtornos, como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Outras possíveis causas são lesões cerebrais traumáticas oriundas de acidentes e fatores ambientais, como conflitos pessoais ou na família.
Por exemplo, crianças que residem em lares opressivos podem ter dificuldades para aprender de médio a longo prazo.
É comum, nesses casos, que a relação com os estudos melhore com a resolução dos conflitos.
Como existem múltiplas origens para os problemas de aprendizagem em crianças, os pais são orientados a levá-los ao médico para uma avaliação detalhada.
O psicopedagogo, ou o psicólogo com especialização em psicopedagogia, também podem ajudar no diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem.
Leia também: Saúde mental materna: entenda a importância e cuidados!
Dificuldade de aprendizagem x Transtorno de aprendizagem: quais as diferenças?
Dificuldade de aprendizagem e transtorno de aprendizagem são termos bastante associados e muitas vezes até confundidos.
Mas existem algumas diferenças importantes entre eles, que vamos pontuar a seguir:
Dificuldade de aprendizagem
A dificuldade de aprendizagem é um termo amplo, que se refere a qualquer problema que interfira no aprendizado.
Essa dificuldade pode ser causada por uma variedade de fatores, que geralmente são externos ao indivíduo, como:
-
- metodologias de ensino;
-
- ambientes familiares difíceis;
-
- problemas no parto;
-
- lesões cerebrais traumáticas.
Transtorno de aprendizagem
Por sua vez, o transtorno de aprendizagem é um termo mais específico que se refere a um problema de aprendizagem que é causado por uma disfunção ou doença neurológica, como epilepsia ou autismo.
Os transtornos de aprendizagem são geralmente crônicos e podem afetar o desempenho escolar e social da pessoa.
Como diagnosticar a dificuldade de aprendizagem?
O diagnóstico de qualquer problema de aprendizagem é feito por um profissional qualificado, como um psicólogo, um neurologista e um psicopedagogo.
Esses profissionais são capacitados para observar o comportamento, aplicar testes, exames e questionários que são eficazes para diagnosticar condições relacionadas à aprendizagem.
Essas avaliações podem considerar a fala, linguagem, funções cognitivas e respostas a estímulos educacionais.
Quantos problemas de aprendizagem existem?
Existem vários problemas de aprendizagem que podem acometer as pessoas, em diferentes níveis. A seguir, listamos alguns dos principais. Acompanhe:
1. Dislexia
A dislexia é um dos transtornos de aprendizagem mais conhecidos, e é caracterizada pela dificuldade em ler e compreender conteúdos escritos, desde os simples aos mais complexos.
A pessoa possui dificuldade para identificar e reconhecer letras, símbolos gráficos e fonemas.
Da mesma forma, pode ter problemas para interpretar o conteúdo e formar uma conclusão lógica a partir do que foi lido.
2. Disgrafia
Já a disgrafia se caracteriza pela dificuldade na escrita. Isto é, dificuldade para redigir a grafia correta das palavras e construir orações coerentes.
Erros de ortografia e acentuação são cometidos com frequência, principalmente com palavras de fonética semelhantes.
A pessoa pode trocar sílabas ou letras de lugar por não conseguir identificar a diferença entre elas.
3. Discalculia
Como o nome indica, a discalculia é a dificuldade para fazer cálculos.
A pessoa leva tempo para reconhecer e compreender a utilidade de cada número em uma operação matemática.
Assim, ela não consegue fazer cálculos simples, como a conta de troco no supermercado, e interpretar problemas matemáticos comuns nos livros escolares.
4. Dislalia
A dislalia é uma dificuldade na fala. A pessoa com essa condição não consegue pronunciar certos sons devido a distinções nos órgãos fonadores.
Esta dificuldade é bastante comum em crianças com autismo, mas especificamente por razões relacionadas a essa desordem neurológica.
5. Disortografia
A disortografia possui associação com a disgrafia, porém é uma condição com sintomas mais graves, que vão além da dificuldade para escrever palavras corretamente.
A pessoa também não tem vontade de estudar, ir à escola ou superar suas dificuldades de escrita.
6. Transtorno de Deficit de Atenção (TDA)
O Transtorno de Déficit de Atenção é uma condição que interfere na capacidade de concentração da pessoa.
Ela ainda tem um certo grau de inquietação, mas não é tão grave quanto o TDAH. Ainda assim, o TDA afeta o comportamento em áreas não relacionadas à aprendizagem.
Por exemplo, um indivíduo pode ter dificuldade em ouvir as outras pessoas, ter sensação recorrente de tédio e apatia, se sentir cansado com mais frequência e ao mesmo tempo se sentir inquieto ao ficar muito tempo parado.
7. Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é diferente do TDA no nível de inquietação.
As pessoas com TDAH são mais agitadas e têm mais dificuldade para prestar atenção no que estão fazendo. Assim, o estudo pode ser um desafio.
É importante ressaltar que o método de ensino faz toda a diferença na vontade e na capacidade de reter novas informações.
Se a pessoa tem facilidade com uma determinada metodologia, ela pode aprender normalmente com ela, da mesma forma que pode apresentar dificuldades quando se depara com outras formas de ensino.
O TDAH também possui sintomas comportamentais, como inquietação constante, cometer erros por descuido, perder o interesse no meio da conversa, perder coisas importantes e se esquecer de compromissos com frequência.
Leia mais: TDAH: estratégias para lidar com o déficit de atenção
8. Dispraxia
A dispraxia é um transtorno do desenvolvimento infantil que afeta a coordenação motora, e pode se estender até a vida adulta.
As crianças com dispraxia podem ter dificuldade em realizar tarefas motoras finas, como escrever, recortar ou amarrar os cadarços.
Elas também podem ter dificuldade em realizar tarefas motoras grossas, como pular, correr ou jogar bola.
A dispraxia pode afetar a aprendizagem de várias maneiras, sendo desafios comuns:
-
- Seguir instruções;
-
- Aprender habilidades motoras complexas, como escrever ou usar ferramentas;
-
- Participar de atividades físicas;
-
- Se organizar e planejar.
9. Afasia e Disfasia
A afasia e a disfasia são distúrbios de linguagem que podem afetar a capacidade de uma pessoa de se comunicar.
A afasia é uma condição mais grave, que pode causar perda total da linguagem. Já a disfasia é um distúrbio mais leve, que pode causar dificuldades na fala, na compreensão ou na escrita — e geralmente precede a afasia.
Ambas as condições são consideradas dificuldades de aprendizagem porque podem afetar o desempenho escolar e social da pessoa.
10. Outras condições
Como visto anteriormente, algumas condições de saúde e desordens genéticas podem interferir na relação do indivíduo com o estudo.
Embora elas não sejam, de fato, consideradas problemas de aprendizagem, costumam ser frequentemente mencionadas quando o assunto é dificuldade para aprender.
Isso por influenciarem negativamente as funções cognitivas ligadas ao processo de aquisição de conhecimento.
Como é feito o tratamento dos problemas de aprendizagem?
Em crianças e adolescentes, o tratamento dos problemas de aprendizagem podem ser feitos pelo esforço mútuo do psicopedagogo e outros profissionais da saúde, além do apoio dos pais e professores da escola onde a criança estuda.
O psicopedagogo atua tanto no desenvolvimento das disfunções cognitivas – memória, concentração, raciocínio lógico, comunicação, linguagem e outras – quanto nos fatores emocionais.
Como as pessoas com dificuldade para aprender podem sofrer julgamentos de colegas de classe e de trabalho, elas são mais suscetíveis a desenvolver baixa autoestima.
Podem até sofrer bullying na escola e assédio moral no trabalho por conta da sua condição. Sendo assim, o seu estado emocional pode ser frágil.
Elas podem desenvolver ansiedade, depressão, estresse crônico, transtorno do pânico ou outras condições de saúde mental em razão de experiências de vida negativas.
Da mesma forma, podem se sentir ‘inferiores’ por não conseguirem acompanhar o ritmo de aprendizagem dos demais.
A terapia emocional auxilia na quebra das mentalidades de “não consigo” e “não posso”, bem como ajudam a aumentar a autoestima.
Logo, o tratamento para problemas de aprendizagem pode ser feito da seguinte maneira:
Funções cognitivas
O psicopedagogo estimula funções cognitivas específicas através de testes e atividades para potencializar a aprendizagem, e melhorar a realização de atividades do dia a dia não relacionadas ao estudo.
As atividades podem ser feitas tanto na terapia presencial quanto na terapia online.
Terapia emocional
As inseguranças dos pacientes também são trabalhadas ao longo das sessões. À medida que eles notam a evolução de suas competências, começam a se sentir mais confiantes e felizes consigo mesmos.
Eles também passam a ter uma relação mais saudável com a aprendizagem. Além disso, o psicopedagogo pode incentivar reflexões sobre os sentimentos dos pacientes.
Leia mais: Benefícios da Terapia: saiba quais as vantagens de um psicólogo
Hábitos de estudo
Muitas pessoas com dificuldade de aprender precisam desenvolver hábitos de estudo eficientes para ajudar na retenção de conhecimento.
Por exemplo, precisam ter horários fixos e um ambiente apropriado para o estudo, e utilizar materiais e técnicas para ajudá-los a memorizar o conteúdo.
O psicopedagogo identifica as dificuldades que os pacientes têm nesses pontos e desenvolve um planejamento de estudo para ajudá-lo a consolidar os hábitos.
Conclusão
E então, tirou suas dúvidas sobre as dificuldades de aprendizagem? Aprofundar o nível de conhecimento sobre o tema é o primeiro passo para ajudar quem o enfrenta na prática.
Estas dificuldades são desafios que afetam como uma pessoa aprende, mas com o diagnóstico certo e o apoio necessário, é possível superá-las.
A chave é a paciência, o entendimento e o acolhimento às necessidades de cada um, assegurando que cada pessoa tenha a chance de atingir seu potencial.
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Autor: psicologa Camila Maria Felipe Vega - CRP 04/40773Formação: A psicóloga Camila Vega é Mestre em psicologia pela PUC Minas. É Pós-Graduada em Terapias Cognitivo Comportamentais (PUC RS), em Neuropsicologia (Instituto Israelita Albert Einstein-SP), bem como em Psicopedagogia (Centro Universitario Unibh).
Cara Doutora Thaiana!
Gratidão por mais este Artigo/Vídeo tão instrutivo!
Forte abraço,
Luís Monteiro.
Obrigada pelo feedback!